terça-feira, 8 de abril de 2014

Governo Federal x SBT (Rachel Sheherazade): muito barulho por nada



E um dia após a efeméride do Dia do Jornalista (porque uma classe oprimida como a dos profissionais da Imprensa não tem nada o que comemorar) um debate permeia novamente as redações e pensadores do fazer jornalístico: a saída de Rachel Sheherazade da bancada do Jornal do SBT.

A SBT, emissora de Rachel Sheherazade, sucumbiu às pressões do Governo Federal para que retirassem a profissional da bancada do SBT Brasil, com a ameaça de cortar a verba destinada a TV. De acordo com números não-oficiais, o repasse do Governo Federal para a emissora é da ordem de R$ 150 milhões. Rachel nega a saída da bancada do SBT, afirmando que está de férias e retorna no dia 12 de abril.

Sobre este caso, algumas considerações:

1) Independente de quem estiver lá a linha editorial continuará a mesma. As moscas mudam mas a merda continua a mesma. O SBT só resolveu mudar por causa de uma questão financeira e não porque discorda das posições de Sheherazade;

2) O Governo Federal pode escolher, como qualquer outro setor que trabalhe com propaganda, onde vai investir dinheiro ou não. Contratos são feitos e desfeitos com incrível velocidade no mundo corporativo, mas o único que não pode desfazer um contrato é o governo. Isso é um tremendo contrassenso e vai inclusive de encontro ao laissez-faire do mercado. O Governo, na visão empresarial do mercado, pode fazer o que quiser com seus recursos de propaganda. Inclusive, na minha opinião pessoal, seria muito bom que o Governo Federal investisse na EBC e criasse um conglomerado de Comunicação público forte no lugar de colocar rios de dinheiro. O Reino Unido fez isso com a BBC e todo mundo tem a emissora britânica como referência de qualidade de programação;

4) Aprendemos nas faculdades que o Jornalismo é um mediador das relações entre poder constituído e sociedade, entre Estado e Povo, e que esta correlação de forças deve ser defendida pelo profissional da área. No entanto, quando Rachel Sheherazade resolve destilar toda a sua verborragia em rede nacional, usando como base conceitos arcaicos de Estado, Povo e religião, é extremamente nocivo que esta profissional se mantenha à frente de uma emissora com o alcance do SBT. O respeito a população e as classes menos abastadas passa também pelo respeito a Declaração Universal dos Direitos do Homem, no qual todos são iguais perante a lei, o "cidadão de bem" e o "criminoso". E fica bem claro que Sheherazade, dirigida por uma linha editorial equivocada e retrógrada, fala o que quer "porque é sua opinião" está condicionando a sociedade brasileira a uma divisão em castas com base no poder financeiro e influência social.

Resumindo: Sheherazade está fora. Por enquanto. A poeira vai baixar, as eleições passarão, todos apertarão as mãos em um belo acordo de barões e esta senhora, com todos os seus preconceitos, voltará a destilar seu veneno na mídia brasileira. Porque para ela sempre haverá vaga, pois faz o papel dos donos da mídia brasileira. Enquanto o exército de reserva de jornalistas que está aí fora e tem preocupação com a vida humana e com a sociedade como um todo ficará ganhando 800 reais por um mês de escrita incessante e sofrendo pressões de chefes e diretores.

Abraços!

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